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O afeto nos desnuda, porque nos coloca em contato com nós mesmos. Um avesso que não tem preço. Alimenta nossa autoestima e abre nossas portas para o mundo, para aprender sobre o mundo.

Várias experiências positivas levam à repetição, várias experiências negativas levam à evitação – fuga por sobrevivência. O mundo tem a cor dos meus pensamentos, dos meus sentimentos. É um doce descobrir ou um amargo evitar. Fechamos ouvidos e olhos quando fechamos o coração.

Hoje se instala o vazio das aparências, colecionamos posses para garantir o afeto do outro. Um Ter que não garante o Ser. Hoje nossos alunos nos chegam vestidos e ansiosos pelo Ter. É como se o tesouro da vida – amizade, respeito, responsabilidade, amor, os valores, a ética – estivesse sendo substituído pelas posses e pelo consumismo incessante. Uma lamentável troca do insuperável valor do afeto por qualquer posse. É o massacre do Ser pelo Ter. Instala-se, então, nas salas de aula e em casa, a indisciplina, a discórdia, a falta de respeito, a falta de significado para o aprender.

O saber já não tem tanta importância, a partir do momento que não satisfaz a fome compulsiva por possuir o Ter.

E as salas de aula se transformam em um campo de batalha, entre aquele que fala e aquele que não ouve. Gasta-se mais tempo perseguindo a atenção do aluno do que transmitindo o saber.

Mas somos relações. Em toda a nossa vida, somos relações. Mesmo hoje, queremos o Ter para conquistarmos o outro, para sermos aceitos e amados por ele. Precisamos do amor do outro para sermos merecedores do nosso próprio amor.

Tudo passa pelo afeto.

Precisamos de relações mais autênticas, afetivas e profundas, o que garantirá a construção e a vivência dos verdadeiros valores, do desejo de aprender e da possibilidade de enxergarmos o mundo além do nosso próprio umbigo. Desse modo, certamente, seremos mais justos e felizes.