A escola, para o aluno, independentemente de sua idade, significa muito mais do que somente um lugar de adquirir conteúdo acadêmico. O educando, simultaneamente ao aprendizado cognitivo, também adquire valores, constrói relações e desenvolve a sua sexualidade.

Despertando interesse e curiosidade nos meninos e meninas desde a infância, a questão da sexualidade faz- se presente em todas as séries, não sendo assunto específico da adolescência. Com isso, os educadores estão sujeitos a se depararem com situações e dúvidas que fogem a sua especialidade ou conteúdo específico.

Sabemos que construímos a nossa sexualidade a partir da nossa cultura, educação, dos nossos sistemas de crenças e valores. Por isso, a dúvida: Como orientar o aluno, conciliando os valores da escola, da família e do próprio educador? Porém, uma dúvida deve levar à investigação, e não à estagnação.

Negar essa realidade é assumir uma postura de resignação ao pensar que a educação sexual dos filhos e alunos se limita às informações passadas pelos pais e educadores.

Contudo a omissão também é uma forma de educação, só que reforça o conceito limitado e empobrecido que ainda vigora sobre a sexualidade hoje. Mas como dar o que também nos foi negado? E é por isso que repetimos padrões e comportamentos, para não termos que assumir nossas posições e escolhas, porque não podemos ensinar o que não aprendemos.

O momento, porém, não é de procurar os culpados, e sim, as soluções.

Não mexemos nessa caixa de marimbondo porque sentimos insegurança, medo de errar, ou por falta de habilidade, devido aos conceitos deturpados que temos sobre sexualidade. Restringimos a sexualidade à genitalidade, à relação sexual e pornografia, que é, muitas vezes, uma maneira camuflada de podermos falar das nossas dúvidas e inseguranças. Esse conceito limitado também empobrece as nossas relações, passa- se a ter hora , local e idade adequada para se falar sobre esse assunto.

Diante desses critérios, a criança fica excluída, devido a sua imaturidade para exercer uma vida sexual ativa. Essa é a justificativa mais frequente tanto para os adultos como para as crianças explicarem a ausência de diálogos sobre tais questões.

Reconceituando, no entanto a sexualidade, ela é toda a expressão do nosso modo de pensar, sentir, comunicar e agir e está presente em qualquer forma de manifestação da nossa afetividade, portanto ela é vivenciada durante toda a nossa vida.

É por meio do desenvolvimento da nossa sexualidade que construímos a autoestima e a identidade de gênero, fatores que regem as relações entre as pessoas. A identidade de gênero origina a compreensão que temos de nós mesmos, do outro e do mundo, a partir do que é ser homem e ser mulher na nossa cultura. E a auto estima determina como cada um de nós vai estabelecer seus limites, exercer seus direitos e deveres, tomar decisões, desfrutando os ganhos e assumindo as perdas.

Assim, quando favorecemos à criança desenvolver uma sexualidade saudável, estamos contribuindo para que sua auto estima seja positiva.

Esse conceito mais elaborado deve nos levar a procurar a verdade. Caso contrário, estaremos repetindo a história e perpetuando os erros. Com certeza, cada um de nós sabe o preço que ainda pagamos pela nossa educação fragmentada.

Investir no nosso crescimento sexual é favorecer o nosso crescimento pessoal. Aprendemos muito sobre nós mesmos, quando aprendemos sobre nossa sexualidade.

Portanto a educação sexual não está restrita à adolescência, por não ser, simplesmente, mais um método contraceptivo ou de prevenção de doenças sexualmente transmissíveis e de AIDS.

Educar para a sexualidade é educar para a cidadania, autonomia, para a vida, e, para isso, não há idade ideal.

Cida Lopes